Antonio Brito e Elmar Nascimento foram entrevistados na Metropole e falaram sobre a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados
Foto: Metropress
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 25 de abril de 2024
Quase um ano ou exatamente 310 dias. Esse é o período que ainda separa a Câmara dos Deputados da eleição pelo seu próximo presidente. O pleito, previsto para 1º de fevereiro de 2025, vai determinar o nome que sucederá o atual presidente Arthur Lira (PP-AL), envolvido em recentes polêmicas e conhecido pelo “modus faca no pescoço” do Palácio do Planalto. Apesar de ainda estar “distante”, o pleito já tem articulações e nomes cotados: dois deles, inclusive, são baianos.
Um dos nomes no páreo, o deputado federal Antonio Brito (PSD) foi entrevistado na Rádio Metropole nesta semana e confirmou que o debate sobre a eleição já corre solto na Câmara. Brito defendeu sua candidatura e mostrou que está apostando em seu trânsito livre por diversas correntes da Casa. Além de líder da bancada do PSD, ele é presidente da Comissão de Seguridade Social e Família na Câmara, da frente parlamentar em apoio às Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, da frente na Luta contra a Tuberculose e ainda do grupo parlamentar Brasil-Portugal.
“Isso me deu um trânsito muito grande com todas as esferas ideológicas da Câmara, direita, esquerda, centro, extrema-direita, extrema-esquerda. [...] Meu nome não é citado por uma relação direta ou indireta com algo, ele é citado pelo histórico de serviço prestado ao país por meio das funções e cargos que cumpri”, disse. O outro nome cotado para o cargo é o do também baiano Elmar Nascimento (União), considerado o favorito na disputa pelo apoio e relação pessoal com o presidente Arthur Lira.
Para Antonio Brito, Lira e o presidente Lula são importantes cabos eleitorais nesta disputa. Mas ele enxerga ainda uma ala que vai fazer a diferença na eleição: a bancada da oposição ao governo na Casa. “O maior partido hoje na Câmara é o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. A oposição também tem posição dentro da Casa. Então acho que os deputados vão sentar no momento e vão ver qual o futuro que querem”, pontuou.
O próprio Antonio Brito citou uma das críticas que sua candidatura vem recebendo: a relação com o Palácio do Planalto. Apesar de na Câmara o PSD ser considerado de centro, na Bahia ele é liderado pelo senador Otto Alencar e integra a base de aliados do governo Jerônimo Rodrigues. Antonio Brito reconheceu, inclusive, que chegou a fazer campanha no estado para o governador e o presidente Lula nas eleições de 2022. Mas, durante a entrevista, o deputado trouxe um discurso de harmonia com o Executivo, mas também de defesa aos interesses e autonomia da Casa.
Críticas e cobranças
Se de um lado Antonio Brito é questionado sobre sua proximidade com o Palácio do Planalto, do outro, Elmar Nascimento é cobrado sobre como será sua postura diante do governo - isso porque seu maior apoiador, Arthur Lira, tem entrado em embates com o governo. Ele chegou, inclusive, a chamar o ministro Alexandre Padilha, responsável pela articulação com o Congresso Nacional, de “incompetente” e “desafeto pessoal”. Ameaçou também dar prosseguimento a cinco CPIs da oposição como retaliação ao governo. Também em entrevista à Metropole no último dia 8, Elmar, que é líder do União na Casa, falou sobre sua relação com Lula e disse que pode, sim, apoiar uma reeleição do presidente em 2026.
“Eu não seria uma pessoa correta se aceitasse liderar um partido que ocupa três ministérios [...] e dissesse que não tem possibilidade [de apoiar de Lula]. Daqui a pouco o presidente Lula e seu governo resolvem apoiar a candidatura à presidência do Senado de Davi [Alcolumbre] e a minha para a Câmara, que discurso eu tenho para ficar contra um governo que nos proporciona isso? Tenho que ser correto”, justificou o deputado. Atualmente o União Brasil está à frente da pasta do Turismo, com Celso Sabino, de Comunicações, com Juscelino Filho, e ainda de Desenvolvimento Regional, com Waldez Goés, que apesar de não ser filiado ao partido, foi indicação do senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Além de Elmar, o União quer também Alcolumbre na presidência do Senado. Essa ambição, no entanto, pode ser uma barreira e abrir espaço para outros nomes, como o próprio Antonio Brito e o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira. Mas nenhum tem ainda um cabo eleitoral tão forte como o de Elmar. Até porque o presidente Lula vem se esquivando do assunto e não pretende se envolver ou declarar apoio. Há quem, inclusive, atribua a essa imparcialidade mais um dos descontentamentos do presidente da Câmara com o governo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário